sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo


Receita de Ano Novo !

 Para você ganhar belíssimo Ano Novo
 cor de arco-íris ou da cor da  paz,
 Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
 (mal vivido ou talvez sem sentido),
 para você ganhar um Ano Novo
 não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
 mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
 novo até no coração das coisas menos percebidas
 (a começar pelo seu interior),
 novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
 mas com ele se come, se passeia,
 se ama, se compreende, se trabalha,
 você não precisa beber champanhe ou qualquer outra
 birita, não precisa expedir nem receber mensagens
 Não precisa fazer listas de boas intenções
 para arquivá-la na gaveta.
 Não precisa chorar de arrependido
 pelas besteiras consumadas,
 nem parvamente acreditar
 que por decreto da esperança,
 a partir de janeiro as coisas mudem
 e seja tudo claridade, recompensa ,
 justiça entre os homens e as nações,
 liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
 direitos respeitados, começando
 pelo direito augusto de viver.
 Para ganhar um Ano  Novo
 que mereça este nome,
 você,meu caro,tem de merecê-lo,
 tem de fazê-lo novo. Eu sei que não é fácil,
 mas tente, experimente, consciente.
 É dentro de você que o Ano Novo
 cochila e espera desde sempre.

                                             Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011.


Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados por meio do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, com status de emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto no 6.949, de 25 de agosto de 2009,
DECRETA:
Art. 1o O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades;
II - aprendizado ao longo de toda a vida;
III - não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência;
IV - garantia de ensino fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais;
V - oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;
VI - adoção de medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena;
VII - oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e
VIII - apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial.
§ 1o Para fins deste Decreto, considera-se público-alvo da educação especial as pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o No caso dos estudantes surdos e com deficiência auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dispostos no Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes formas:
I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou
II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.
Art. 3o São objetivos do atendimento educacional especializado:
I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes;
II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular;
III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e
IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino.
Art. 4o O Poder Público estimulará o acesso ao atendimento educacional especializado de forma complementar ou suplementar ao ensino regular, assegurando a dupla matrícula nos termos do art. 9o-A do Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007.
Art. 5o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, Municípios e Distrito Federal, e a instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.
§ 1o As instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos de que trata o caput devem ter atuação na educação especial e serem conveniadas com o Poder Executivo do ente federativo competente.
§ 2o O apoio técnico e financeiro de que trata o caput contemplará as seguintes ações:
I - aprimoramento do atendimento educacional especializado já ofertado;
II - implantação de salas de recursos multifuncionais;
III - formação continuada de professores, inclusive para o desenvolvimento da educação bilíngue para estudantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino do Braile para estudantes cegos ou com baixa visão;
IV - formação de gestores, educadores e demais profissionais da escola para a educação na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais;
V - adequação arquitetônica de prédios escolares para acessibilidade;
VI - elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade; e
VII - estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior.
§ 3o As salas de recursos multifuncionais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado.
§ 4o A produção e a distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade e aprendizagem incluem materiais didáticos e paradidáticos em Braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo.
§ 5o Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de educação superior visam eliminar barreiras físicas, de comunicação e de informação que restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e social de estudantes com deficiência.
Art. 6o O Ministério da Educação disciplinará os requisitos, as condições de participação e os procedimentos para apresentação de demandas para apoio técnico e financeiro direcionado ao atendimento educacional especializado.
Art. 7o O Ministério da Educação realizará o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola por parte dos beneficiários do benefício de prestação continuada, em colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Art. 8o O Decreto nº 6.253, de 2007, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 9º-A. Para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado.
§ 1o A dupla matrícula implica o cômputo do estudante tanto na educação regular da rede pública, quanto no atendimento educacional especializado.
§ 2o O atendimento educacional especializado aos estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente, sem prejuízo do disposto no art. 14.” (NR)
“Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas na educação especial oferecida por instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder Executivo competente.
§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ou em classes especiais de escolas regulares, e em escolas especiais ou especializadas.
§ 2o O credenciamento perante o órgão competente do sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e parágrafo único, e art. 11, inciso IV, da Lei no 9.394, de 1996, depende de aprovação de projeto pedagógico.” (NR)
Art. 9o As despesas decorrentes da execução das disposições constantes deste Decreto correrão por conta das dotações próprias consignadas ao Ministério da Educação.
Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 17 de novembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República.
DILMA ROUSSEFF
Fernando Haddad
Este texto não substitui o publicado no DOU de 18.11.2011

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Autistas chegam ao mercado de trabalho

Autistas chegam ao mercado de trabalho
Como o maior conhecimento sobre o transtorno, terapias adequadas e diagnóstico precoce têm permitido às pessoas com autismo trabalhar
Rachel Costa
CONQUISTA
Fernanda Raquel desenvolveu a habilidade de desenhar para se comunicar.
Hoje trabalha como ilustradora

Um cenário impensável no passado. Na empresa dinamarquesa de testagem de softwares Specialisterne, 80 dos 100 funcionários têm autismo. Uma das pioneiras na contratação de mão de obra autista, ela é um exemplo do grande avanço ocorrido nos últimos anos no universo das pessoas que convivem com esse transtorno. Com a melhor compreensão sobre a síndrome, os autistas têm deixado a clausura do espaço privado e ganhado o espaço público. “O autismo é um conjunto muito heterogêneo de condições que têm como ponto de contato os prejuízos nas áreas da comunicação, comportamento e interação social”, explica o neurologista Salomão Schwartzman. Se durante muito tempo se falou apenas dessas dificuldades, atualmente começam a ser discutidas as habilidades associadas e como isso pode ser aproveitado em diferentes profissões. Tanto que já há uma primeira geração a chegar ao mercado de trabalho. “Eles têm boa memória, uma mente muito bem estruturada, paixão por detalhes, bom faro para encontrar erros e perseverança para realizar atividades repetitivas”, disse à ISTOÉ o fundador da Specialisterne, Thorkil Sonne.
 
Sonne resolveu investir no filão após o nascimento do filho autista Lars, hoje com 14 anos. A aposta deu tão certo que a empresa abriu unidades na Islândia, Escócia e Suíça e tem servido de inspiração para outras iniciativas. O empresário calcula entre 15 e 20 os projetos inspirados na matriz dinamarquesa em todo o mundo. Um deles é a Aspiritech, nos Estados Unidos, que, desde o ano passado, funciona com 11 engenheiros autistas trabalhando no teste de softwares. “Desde a década de 80, pesquisas mostram que essas pessoas têm uma capacidade muito maior de perceber pequenos detalhes visuais”, falou à ISTOÉ Marc Lazar, da Aspiritech. “Em testes para medir essa habilidade, eles cumprem o desafio em 60% do tempo gasto pelos demais e com grande acurácia.”
 
Para se chegar à observação dessas qualidades foi preciso superar um erro de interpretação. “Por muito tempo, o autismo foi encarado como uma deficiência intelectual”, diz Adriana Kuperstein, diretora da Re-fazendo, assessoria educacional especial de Porto Alegre. O que se percebeu posteriormente é que em apenas alguns casos há a associação com deficiências intelectuais. Muitos autistas têm o intelecto preservado, vários com inteligência superior à média, mas não conseguem interagir porque não sabem usar os canais normais de comunicação.
CONFIANÇA
O dinamarquês Thorkil Sonne tem uma empresa que explora as habilidades dos autistas

“É como um computador sem os softwares necessários para realizar determinada tarefa”, compara a psicóloga Alessandra Aronovich Vinic, que pesquisa autismo. Em seu consultório, ela aplica o método do treino das habilidades sociais. Seus pacientes aprendem, por exemplo, a reconhecer as feições relacionadas a sentimentos, como tristeza e alegria, ou a fixar o olhar no outro enquanto conversam. Pode parecer prosaico, mas faz toda a diferença para quem tem autismo. “As pessoas se comunicam visualmente o tempo todo”, fala Júlia Balducci de Oliveira, 23 anos. Para a jovem, não conseguir olhar nos olhos era uma fonte de angústia só superada com terapia. Formada em cinema, hoje Júlia trabalha na direção de um documentário sobre o autismo. 

Atualmente se sabe que quadros mais discretos também se incluem no chamado espectro autista, com boas possibilidades de tratamento. “Mas há 30 anos somente pacientes muito graves eram diagnosticados”, explica Ricardo Halpern, da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Eles eram internados, sedados e alijados do convívio social.” A delimitação desse grupo maior de pessoas aprimorou os métodos de tratamento. “As intervenções começaram a ser feitas mais precocemente, gerando maior inserção social”, disse à ISTOÉ o brasileiro Carlos Gadia, professor do departamento de neurologia da Universidade de Miami e diretor-médico da ONG Autismo&Realidade. Os principais beneficiados foram os pacientes de quadros mais leves.
 
Foi o caso da jovem Fernanda Raquel Nascimento, 18 anos. A terapia ajudou a jovem a vencer os obstáculos que encontrava para interagir. Também progressivamente ela transformou em profissão o que era uma de suas formas de comunicação, o desenho. Hoje ela comemora seus primeiros trabalhos de ilustração para a Livraria Saraiva, em São Paulo. “Com o dinheiro, quero cursar faculdade”, diz. A jovem ainda trabalha em casa, mas o objetivo é que passe a dar expediente no escritório. “Ela realiza um trabalho de alta qualidade e com um ótimo atendimento da demanda”, fala Jorge Saraiva, proprietário da rede de livrarias. Depois do contato com Fernanda, a empresa iniciou um plano para a contratação de pessoas com diferentes tipos de transtorno, entre eles, o autismo. Que se torne um cenário comum. 

Fonte: COMPORTAMENTO
ISTO È|  N° Edição:  2191 |  04.Nov.11 - 21:00 |  Atualizado em 15.Nov.11 - 10:31

CRÔNICA SOBRE SURDEZ - 2

Sobre surdos, LIBRAS, acessibilidade e notícias equivocadas sobre surdez

Me corta o coração quando um jornalista, escritor ou qualquer outra pessoa cujo trabalho atinge milhares de outras pessoas publica informações equivocadas a respeito do assunto surdos e surdez. É tanta generalização que não sei nem por onde começar. Em primeiro lugar, a parte mais desgastante (e isso é por preguiça de pesquisar o assunto) é ter que ler as seguintes bobagens:

todo surdo é mudo
todo surdo se comunica através de LIBRAS
a lingua de sinais é a língua ‘natural’ do surdo
crianças surdas devem estudar em escolas especiais para surdos
todo surdo precisa de intérprete
acessibilidade para surdos é a janelinha com o intérprete na TV
quem nasce surdo vai continuar surdo até o fim da vida
todo surdo faz parte da ‘comunidade surda’

Pelo amor de Deus, gente!! Afirmar esse tipo de coisa é um absurdo, em pleno ano de 2011. Vamos esclarecer, então?

Eu sou surda. Eu NÃO me comunico através de Libras. Eu falo. Eu escuto muito bem com aparelhos auditivos. Nunca estudei em escola especial. Não preciso de intérprete. Acessibilidade pra mim tem a ver com legendas nos programas de TV, avisos luminosos em certos locais, atendimento via chat, SMS e coisas assim – aquela janelinha de Libras na TV e chinês pra mim são a mesma coisa. Não faço e nem quero fazer parte de nenhuma ‘comunidade surda‘.

Dá até vontade de perguntar: “entendeu ou quer que eu desenhe??”

Existem surdos sinalizados (estes sim podem se enquadrar nas informações descritas lá em cima no início do post) e surdos oralizados. Surdos oralizados usam aparelhos auditivos ou implantes cocleares (ou não usam nenhum dos dois, inclusive) e são experts em leitura labial. Surdos oralizados falam como qualquer pessoa ‘normal’ (ou melhor, ouvinte). Alguns surdos oralizados também conhecem a Libras e se comunicam com seus amigos/colegas/parentes que são sinalizados através dela – e são considerados bilíngues. Surdos oralizados são pessoas independentes, dominam o português falado e escrito e não necessitam de uma terceira pessoa envolvida na sua comunicação (um intérprete). Surdos oralizados NÃO vivem em função da surdez e NÃO vivem presos a um grupo pequeno de pessoas (a chamada “comunidade surda”).

A sensação que eu tenho quando leio qualquer notícia sobre surdos/surdez que envolva também a Libras é de que a pessoa que escreveu sentiu pena. “Ai, coitadinhos“. Raríssimos são os jornalistas/escritores IMPARCIAIS quando se trata desse assunto. Se existem dois tipos de surdos e os mais variados graus de surdez, vamos esclarecer isso, pôxa! Hoje em dia, ser surdo não significa viver preso no silêncio – os aparelhos auditivos de última geração  e os implantes cocleares estão aí para provar!!

Agora, me digam:

Como alguém pode achar incrível que uma pessoa precise viver presa a um grupo pequeno de pessoas só porque todas elas se comunicam através de Libras?
Onde está o futuro e as perspectivas profissionais de alguém que não domina a língua do país no qual vive – e não estou falando do português falado, mas sim do português escrito??
Porque o governo não investe dinheiro em uma educação intensiva e de qualidade direcionada a surdos sinalizados para que eles dominem TAMBÉM o português escrito e não sejam eternamente dependentes de alguém??
Onde está a beleza de conviver apenas com pessoas iguais a você e  que pensam exatamente como você (surdos sinalizados)?
Como alguém pode achar que um pai ou uma mãe que querem dar ao seu filho surdo a opção de ouvir estão aniquilando a criança?
Como alguém pode julgar os pais que querem que seu filho surdo conviva com todos os tipos de crianças e não viva em função de uma deficiência?
Quem assegura os direitos de crianças surdas que são criadas dentro de uma comunidade fechada de pessoas que escolhem por ela para que se torne um adulto eternamente dependente?
A propósito: essa ladainha e essa lavagem cerebral toda só acontecem em função da militância incessante da ‘comunidade surda’ e seus simpatizantes para que as pessoas acreditem que todas as informações erradas são certas. Para que o mundo não saiba da existência dos surdos ORALIZADOS. Para que o mundo continue acreditando que não há alternativa ao silêncio. Existe diversidade dentro da surdez, por mais que esse grupo queira fingir que não.

Ou alguém já viu um deficiente visual dizer que um deficiente visual que usa óculos ou faz uma cirurgia para recuperar a visão está se submetendo ao mundo dos que enxergam? Ah, me poupe, vai!

Eu admiro muito os surdos bilíngues. E não consigo ver vantagem alguma em se comunicar somente através de Libras e sequer dominar o português escrito. Na verdade, penso que isso é o mesmo que viver trancado dentro de uma bolha. E eu quero o mundo!!!

PS: antes de publicar seja lá o que for sobre surdos e surdez, PESQUISE!!! Se informe, e não publique bobagens. Para saber tudo sobre Implante Coclear, leia o Desculpe, Não Ouvi! http://desculpenaoouvi.laklobato.com/


Fonte: http://cronicasdasurdez.com/sobre-surdos-libras-acessibilidade-e-noticias-equivocadas-sobre-surdez/

terça-feira, 1 de novembro de 2011

11 sinais de alerta para os pais detectarem doença mental em crianças

   Para ajudar crianças com transtornos mentais não diagnosticados, pesquisadores lançaram uma lista de 11 sinais fáceis de reconhecer que podem ser usados como um alerta pelos pais e outras pessoas da comunidade.
     A lista se destina a ajudar a fechar uma lacuna entre o número de crianças que sofrem de doenças mentais e aquelas que realmente recebem tratamento para essas doenças. Com ela, os pesquisadores esperam que os pais distingam entre comportamentos normais da infância e verdadeiros sinais de doença mental.
     Entre os sinais, estão sentir-se triste ou “se fechar” por duas semanas ou mais, o que pode indicar depressão, e medos intensos ou preocupações que atrapalham atividades diárias, o que pode indicar um distúrbio de ansiedade.
     Estudos sugerem que três em cada quatro crianças com distúrbios de saúde mental, incluindo déficit de atenção e hiperatividade, distúrbios alimentares e transtorno bipolar, passam despercebidas e não recebem os cuidados de que necessitam.
     Pais que perceberem qualquer um desses sinais em seus filhos devem levá-los para ver um pediatra ou profissional de saúde mental para uma avaliação psiquiátrica.
     A identificação de um transtorno psiquiátrico no início da vida também irá permitir que as crianças recebam tratamento mais cedo, o que provavelmente irá torná-los mais eficazes.
     A lista foi criada por um comitê que analisou vários estudos de saúde mental, envolvendo mais de 6.000 crianças. Eles garantem que os sintomas na lista podem identificar a maioria das crianças com certos distúrbios de saúde mental.
     Os 11 sinais de alerta são os seguintes:
        • Sentir-se muito triste ou “se fechar” por duas ou mais semanas;
        • Tentar se ferir ou se matar, ou fazer planos para isso;
        • Medo súbito esmagador sem razão, às vezes com coração acelerado ou respiração rápida;
        • Se envolver em várias lutas, usando uma arma, ou querer ferir outros;
        • Comportamento fora de controle grave, que pode chegar a machucar a si mesmo ou outros;
        • Não comer, vomitar ou usar laxantes para perder peso;
        • Preocupações ou medos intensos que atrapalham atividades diárias;
        • Extrema dificuldade em concentrar-se ou permanecer quieto, o que o coloca em perigo físico ou causa insucesso escolar;
        • Uso repetido de drogas ou álcool;
        • Grave humor que causa problemas em suas relações;
        • Mudanças drásticas no seu comportamento ou personalidade.
 
Esses sinais formam um “perfil” e não são em si diagnósticos específicos. Para diagnósticos precisos, os pais devem procurar ajuda de um profissional de saúde.

     Para evitar o alarme potencial de pais, que podem diagnosticar transtornos mentais onde eles não existem, os pesquisadores disseram que projetaram a lista para ser conservadora. Ou seja, estes sinais não serão evidentes em todas as crianças que tem um distúrbio de saúde mental. Dos 15% dos jovens que se estima que tenham doença mental, os perfis vão identificar cerca de 8%.
 


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Desenhos feitos com os olhos

Desenhos industriais em CAD feitos com os olhos
Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2011
Segundo seus criadores, a nova tecnologia de rastreamento dos olhos "quebra as rígidas distinções entre o humano e a máquina". [Imagem: Design Vision/Site Inovação Tecnológica]
Se você acha que o mouse, as interfaces hápticas ou mesmo a velha linha de comando restringe sua criatividade ao fazer um projeto CAD, a solução acaba de chegar.
Pesquisadores desenvolveram um sistema gratuito que permite que os projetos e desenhos industriais sejam feitos com os olhos.
Limites à criatividade
Os projetos auxiliados por computador, mais conhecidos como CAD (computer-aided design), vieram facilitar o trabalho dos desenhistas, aumentar sua produtividade e melhorar a qualidade dos projetos.
É claro que os programas de computador têm suas limitações, que são impostas aos desenhistas, eventualmente limitando em alguma medida sua liberdade de trabalhar.
E, em uma área cujo centro de atuação é a criatividade, o que um profissional menos quer é uma limitação à sua criatividade, por mais sutil que seja.
Segundo seus criadores, a nova tecnologia de rastreamento dos olhos "quebra as rígidas distinções entre o humano e a máquina".
Interface mais fluida
"O sistema de rastreamento dos olhos identifica a parte do rascunho em que o usuário está se concentrando, tornando a interface homem-máquina mais fluida. O resultado é uma sinergia entre a ingenuidade humana e a tecnologia digital das máquinas," apregoa o professor Steve Garner, da Universidade Aberta (The Open University).
Entusiasmos à parte, é fato que a criatividade sempre foi um elemento fundamental para o processo de design. E a nova interface representa um avanço real justamente na liberação da criatividade.
"Nós queremos criar sistemas de desenho digital que sejam eles próprios projetados em resposta às necessidades de projetistas reais," completa Alison McKay, da Universidade de Leeds.
Os pesquisadores afirmam que são saudosistas tentando voltar à época das pranchetas - mas não é porque a tecnologia digital é boa que ela não precise ser melhorada, afirmam.
CAD com os olhos
Em seu projeto Designing with Vision (projetando com a visão), os pesquisadores se concentraram no estágio inicial do processo de design, que envolve desenhar, visualizar, selecionar e manipular formas.
Designers que trabalham com formas tendem a começar intuitivamente em determinadas áreas dos esboços, usando-as como ponto de partida.
No entanto, este elemento de seleção subconsciente é difícil de replicar com o CAD, porque o pacote de software não é capaz de "ver" aquilo no que o projetista está prestando atenção.
Para reverter este quadro, os pesquisadores adicionaram uma tecnologia de rastreamento ocular a um sistema CAD, dando à tecnologia digital uma maior fluidez na interface homem-máquina.
O resultado é um sistema de desenho que pode identificar e selecionar formas automaticamente dentro de um esboço, de acordo com o olhar do designer, e sem perder nenhuma das ferramentas tradicionais do pacote de software.
A primeira versão do sistema está sendo disponibilizada gratuitamente no site do projeto, no endereço http://design.open.ac.uk/DV/.

Descrição do projeto (http://design.open.ac.uk/DV/)
Traduzido pelo Google
O design conceitual envolve a criação, exploração e desenvolvimento de alternativas de forma design. Designers usam tipicamente Desenho à mão livreesboçar para apoiar este processo, principalmente porque oferece ambigüidade e assim suporta a reinterpretação de formas que é fundamental para a exploração de forma eficaz e no desenvolvimento. Comercialmente disponíveis computer-aided design (CAD) sistemas são usados ​​durante o projeto detalhes e definiçãode design, mas eles não são bem adaptados para as atividades de projetoconceitual, porque o apoio que oferecem para a reinterpretação das formas é pobre. Pesquisas recentes têm explorado a possibilidade de fornecer suporte de informática para o projeto conceitual através da integração de gramática forma etecnologias de visão computacional. Os primeiros resultados são promissores, e um protótipo de pesquisa foi construído, mas a adoção precoce é limitada, em parte porque a sobrecarga de tempo e intelectual necessária para conduzir tais sistemas interfere com o fluxo criativo. Este projecto irá explorar o uso detecnologia de rastreamento ocular como um meio de proporcionar interações do usuário que permitem que os designers se concentrar em sua atividade de design,com o sistema de design como uma ferramenta que suporta sem perturbar o seufluxo criativo.


CRÔNICA SOBRE SURDEZ

CRÔNICA SOBRE SURDEZ
depoimento de uma leitora
“Hoje estou me sentindo muda. Muda por que acredito que todo mundo tem o direito de escolher o que quiser. Estou indignada por que muitas pessoas não entendem que quero ter o direito de escolher pra quem, onde e quando eu quero falar sobre a minha deficiência auditiva.
O que você acha? A maioria acha bobagem. Imagina, quando inicio uma conversa com alguém, meu marido ou alguém da minha família entra na conversa e diz: “ela não escuta direito, tá?”
Que coisaaa! Deixa que eu falo? Não fico brava, mas fico pensando que EU deveria falar, não é? Como acredito que quando convivemos com alguém temos que falar tudo o que gostamos e o que não gostamos, fui falar com toda a educação que eu preferiria falar e escolher o momento de falar da minha surdez.
Ahh… é pura frescura.”
NÃO acho frescura, estou pedindo respeito. Certo que talvez tenha perdido algumas coisas, passado por antepática, grosseira e sei lá mais o que… Mas o que adianta informar se algumas pessoas ainda acham que a gente está querendo chamar a atenção, que apenas escuto o que eu quero (essas piadinhas), ficam testando se a gente é surda mesmo. E também não quero sair por aí com uma faixa na testa: “Fale mais alto, desculpe não sou grossa, sou surda! Pô!”
É a minha vontade, acho que não é um defeito, mas apenas algo particular e quero escolher o momento e a pessoa que vai saber. Por favor, me digam que não sou uma antissocial (é assim na nova ortografia?) intragável.  Acredito que não!”
Querida leitora,
Eu sinto a sua dor! Demorei um bom tempo até aprender a me impor com as pessoas a respeito disso. Na verdade, onde eu mais me irritava era no trabalho – na família, graças a Deus, não passei por isso, mas, com alguns amigos, sim!! No trabalho, várias vezes (trabalho há quase 10 anos no mesmo lugar, e isso acontecia nos primeiros anos) eu estava atendendo normalmente uma pessoa, ouvindo e entendendo o que a mesma dizia, sem problema algum de comunicação, quando chegava uma colega por trás e dizia em alto e bom tom: “Ela não escuta, viu? É surda!”. O sangue fervia!! Se eu estivesse numa situação em que meu interlocutor estivesse repetindo várias vezes alguma coisa e eu não entendesse, até agradeceria a ‘ajuda’, mas, da forma como era feito, era um desrespeito tremendo SIM. E o pior era que sempre me aprontavam essa quando eu estava atendendo algum moço super bonito! Olha a maldade!Rsrsrsrs!! E a gente sente na hora se a energia é boa ou ruim, ou melhor dizendo, se a pessoa fez isso com boa intenção ou com a intenção de menosprezar você diante do outro. Não acho, de forma alguma, que alguém tenha o direito de anunciar a minha deficiência sem o meu consentimento – já comentei no blog uma vez que penso isso inclusive por questões de segurança.
Fora do trabalho, já passei por isso com algumas ‘amigas’ (muy amigas) também. E o engraçado é que as situações SEMPRE envolveram momentos em que eu estava num papo ótimo com algum moço interessante. E afirmo isso categoricamente porque já estive em situações em que as ‘amigas’ podiam me salvar – conversando com outras mulheres, por exemplo – porque eu não estava entendendo o que a pessoa me dizia, e não falaram nada!! Estranho, não? Me pergunto se não é uma atitude meio sádica de algumas pessoas, no seguinte sentido: você está se comunicando com alguém que não nota nenhum ‘defeito’ visível em você (alô, surdez, a deficiência invisível) e isso causa uma vontade incontrolável numa pessoa maldosinha de apontar o dedão bem na sua cara e mostrar “ô, seu burro, olha o defeitão que ela tem!”.
Bom, essa é a minha opinião, a respeito das situações que já vivi e costumo viver.
Nessas horas, temos obrigação moral de abrir a boca e informar que não queremos que tal fato se repita. Se você não fizer isso, pode ter certeza de que irá se repetir ad eternum. Mesmo que a família não faça por maldade, a verdade é que ela não tem que fazer. Somos nós que temos o direito/dever se fazer isso quando julgarmos necessário. Ou alguém sai anunciando todo dia por aí aos quatro ventos “oi, sou deficiente!”. Acho que não, né? É uma coisa tão, mas tão pessoal e íntima, que não acho que alguém além de mim possa usar essa informação quando bem entender. Exemplo: hoje, aqui no trabalho, atendi uma senhora muito querida. Quando pedi que ela assinasse um documento, a mesma me informou “sou analfabeta“. Que tipo de pessoa eu seria se saísse usando essa informação a respeito dela sem que a mesma me pedisse?

Fonte: email recebido do site livrariavirtual